sábado, 3 de outubro de 2009

Os Xamãs

O Xamanismo nasce com a origem dos tempos, vem de ancestrais culturas que já existiram na Terra, antes da civilização humana, quando todas as nossas relações eram honradas e quando sabíamos conversar com os animais, com as plantas, com as montanhas e serras, com os desertos, planícies, com os rios e lagos, com os ventos e a chuva, com as cavernas no útero da Pachamamma, a Mãe Terra.

Sua origem não tem raízes históricas ou geográficas, mas se perde no tempo. Práticas xamânicas foram encontradas em cavernas na china, há pelo menos 80.000 anos, o que se pressupõe que ele é mais antigo. Traços do Xamanismo podem ser encontrados em muitas religiões e tradições e pode-se dizer que é a mais antiga disciplina médica e psicológica da humanidade.

Historicamente o uso da palavra Xamanismo vem da Sibéria, de onde passaria ao Novo Mundo durante as migrações que povoaram o continente americano, desde 1000 a. C. O Xamanismo original floresceu na Ásia Central e setentrional (povos turco-mongóis, himalaios e árticos). A maior parte dos especialistas estão de acordo em estender a ação do Xamanismo à Coréia e ao Japão, passando pelos povos fronteiriços do Tibet, China e Índia, até a Indochina e a América.

Neste sentido, o Xamanismo pode ser compreendido como uma filosofia de vida muito antiga, que visa o reencontro do ser humano com os ensinamentos que fluem da natureza e com seu próprio mundo interior, um conjunto de ensinamentos milenares que, através da tradição de tribos do mundo todo, foram sendo passadas até os dias de hoje.

Mas quem eram os Xamãs? Eram homens e mulheres capazes de entrar em transe, de estabelecer uma ponte entre este mundo e o outro, viajar nas dimensões inferiores, medianas e superiores, capazes de curar, guardiões da história oral de seu povo. Em Jung, vamos entender essa condição, como a possibilidade de acessar o inconsciente coletivo da humanidade, pelo simbólico, pelo imaginário, pela força dos arquétipos.

Xamãs eram assim designados no dialeto local. O termo foi incorporado no trabalho de Mircea e se consagrou para definir os yayés, os shabonos e os magistas de várias nações que tem o mesmo poder, ser ponte entre mundos. Hoje, antropólogos utilizam o termo para se referirem a pessoas de uma grande variedade de culturas não ocidentais, que são conhecidas por palavras tais como: bruxo, feiticeiro, curandeiro, mago, mágico, vidente... Aqui no Brasil, utilizam o nome pajé, na América do Norte, Medicine-Man ou Medicine Women, na América Central, Curandeiros ou Feiticeiros. De certa maneira, todo Xamã é bruxo, mas nem todo bruxo é Xamã.

Um Xamã é, na maioria das vezes, um curador ferido que, ao vivenciar situações extremas de doença física, mental, espiritual ou emocional, tendo estado em contato com o mal, torna-se apto a realizar ações para promover a cura em si mesmo, nas outras pessoas e em relação ao planeta.

Atualmente, há uma tendência desses profissionais que se intitulam "Xamãs Urbanos". São médicos, pedagogos, psicólogos, jornalistas, sociólogos, educadores, ecologistas, artesãos, musicistas, terapeutas holísticos, que usam antigos ensinamentos que proporcionam cura, bem estar e crescimento pessoal, ao promover atendimentos individuais ou em grupo.

Alguns desses ensinamentos têm sua base na observação da natureza e seus sinais: Sol, Lua, terra, água, fogo, ar, animais, plantas, vento, ciclos, etc...Ao observarem atentamente essa vida que há em toda a natureza e suas manifestações, ao aprender a ler no Livro da Natureza, os neo-xamãs, como os xamãs de antigamente, podem perceber sua conexão com o todo e se abrir para o aprendizado daquilo que realmente somos.

Aprendendo as lições dos animais, das plantas e das pedras, da terra, do fogo, do ar e da água, tornam-se capazes de elevar a consciência e se relacionar com outras realidades e dimensões, assim como manter plena harmonia com a natureza, possibilitando a total integração de seus corpos físico, mental, emocional e espiritual. Em algumas correntes, vamos ter os que se utilizam as plantas de poder, ou medicinas sagradas ( ayuasca, coca, peyote, amanita muscaria, etc.) para alcançar os estados alterados de consciência, parte importante das práticas Xamânicas.

É importante lembrar que a religiosidade, sistema de crenças de um povo, não é Xamanismo. O Xamanismo não é uma religião e sim um conjunto de métodos, noções e práticas de alteração, ampliação, da percepção e da consciência ordenados para obter o contato com o universo paralelo, mesmo invisível, dos espíritos e o apoio destes para gerir os assuntos humanos, no sentido em que hoje se chamaria de terapêutico.

A prática do Xamanismo utiliza-se do trabalho como as rodas de cura, o som dos tambores, chocalhos, ossos, ervas, animais, minerais, direções sagradas, rituais, jornadas xamânicas, contato com seres espirituais, ritmos, danças e movimentos corporais, conexão com os elementos da natureza: água, terra, ar, fogo, cristais, pedras, argila, etc, são técnicas de cura e purificação das dimensões físico, emocional, mental e espiritual do ser humano.

"Eu sou Águia Prateada, e falei, com amor incondicional,
por todas as nossas relações."

Texto de Cláudio Crow Quintino


Oração Lakota

"Wakan Tanka, Grande Mistério,
Ensine-me a confiar
Em meu coração,
Em minha mente,
Em minha intuição,
Em minha sabedoria interna,
Nos sentidos de meu corpo,
Nas bênçãos do meu espírito.
Ensine-me a confiar nestas coisas,
Para que possa entrar em meu Espaço Sagrado
E amar além do meu medo,
E assim caminhar com beleza
Com a passagem de cada Sol Glorioso".

"De acordo com o povo nativo:

O Espaço Sagrado é o espaço

Entre a exalação e a inspiração.

E caminhar com beleza:

É ter o Céu, a espiritualidade,

E a Terra, o físico, em harmonia."

Ceallaghan Wolfgang Anderyatt ψ



retirado do site : www.templodeavalon.com

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os instrumentos mágicos


Estes são alguns intrumentos utilizados na Wicca. Mas lembre-se: o mais importante nos rituais e encantamentos são a sua intenção, a força do seu pensamento, sua imaginação e concentração para visualizar o seu objetivo. Não são os intrumentos que fazem de você um wiccano.
O altar
Sempre que possível, uma bruxa deve ter seu Altar, que deverá ser seu ponto de ligação com os Deuses. Não precisa ser nada complicado ou luxuoso. Tradicionalmente, ele deve ficar ao Norte. Uma vela preta é colocada a Oeste simbolizando a Deusa, e uma vela branca a Leste para o Deus. No Altar deve estar o Cálice e o Athame, o Pentagrama, a Varinha e outros objetos utilizados nos rituais. Também é comum se colocarem símbolos para os Quatro Elementos, como uma pena para o Ar, uma planta para a Terra, uma vela vermelha ou enxofre para o Fogo, e, logicamente, água para esse mesmo elemento. Muitas pessoas colocam um símbolo para a Deusa e o Deus, como uma concha e um chifre, ou mesmo estátuas e gravuras dos Deuses. Deve ser criativo, pois o Altar é o um espaço pessoal, onde deve ser colocado amor. Se, por algum motivo, não for possível montar um Altar, pode ser um espaço na sua imaginação, pois o verdadeiro Templo está dentro de você, ou vá para a Natureza e faça dela o mais lindo de todos os santuários.

Pentáculo
O Pentáculo é normalmente um disco, um prato de metal ou madeira com a figura de Pentagrama dentro de um círculo. Ele é usado para consagrar várias outras ferramentas. É também utilizado como um ponto focal de concentração. É associado ao elemento Terra e seu ponto cardeal. Alguns Bruxos usam um Pentáculo para invocar qualquer elemento da Natureza. Você poderia fazer seu próprio Pentáculo com argila ou com uma pedra, pintando o símbolo do Pentagrama sobre o material escolhido. Ele é utilizado para consagrar ervas e para carregar magicamente um talismã ou qualquer instrumento que precise de uma dose de energia extra, e é utilizado também para proteção. Representa a ligação do Bruxo com os Deuses.

Sino
O sino de cristal ou de latão é freqüentemente usado pelos bruxos para sinalizar o início e fechamento de um ritual ou Sabbat, para invocar um espírito ou deidade em particular e para despertar os membros do Coven que estão em meditação. Os sinos são tocados também em vários ritos funerários wiccanos para abençoar a alma do bruxo que cruzou o reino dos mortos.

Livro das Sombras

O livro das sombras (também conhecido como Livro Negro) é o diário secreto no qual o bruxo registra seus encantamentos, invocações, rituais, sonhos, receitas de várias poções pessoais e outros assuntos. Um livro desse tipo pode ser mantido por um indivíduo em separado ou por todo um coven. Quando ocorre a morte do bruxo, o livro das sombras pode ser passado para seus filhos ou netos, mantido pela Alta Sacerdotisa e pelo Alto Sacerdote do coven (se o bruxo for membro de um deles no momento de sua morte) ou queimado para proteger os segredos da arte. Qualquer que seja a decisão tomada, ela naturalmente depende dos costumes daquela determinada tradição wiccana ou da vontade pessoal do bruxo.

Punhal ou átame (athame)

O punhal é uma faca ritualística com cabo preto e lâmina de fio duplo, tradicionalmente gravada ou cunhada com vários símbolos mágicos e astrológicos. Representa o antigo e místico elemento ar, símbolo da força da vida, e é usado pelos bruxos para traçar círculos, exorcizar o mal e as forças negativas, controlar e banir os espíritos elementais, guardar e direcionar a energia durante os rituais. Utiliza-se o punhal com cabo branco (bolline) somente para cortar varetas, colher ervas para magia ou para cura, esculpir a tradicional lanterna de Samhain e gravar runas e outros símbolos mágicos em velas e talismãs.

Bolline
O Bolline é uma faca com o cabo branco. Ele é utilizado na colheita de ervas, na construção de talismãs e amuletos mágicos. Existem alguns modelos de Bolline na forma de uma pequena foice, totalmente de prata, em alusão ao antigo Instrumento dos Druidas para a colheita de ervas que possuía esta forma. Ele é um Instrumento opcional, visto que muitos Bruxos usam o átame para desempenhar a função de colher as ervas e construir talismãs.

Varinha

A Varinha (também conhecida como Bastão de Fogo) é um bastão fino de madeira, feito de um galho de árvore. Representa o antigo e místico elemento fogo, é símbolo de força, de vontade, e de poder mágico do bruxo que o possui. A varinha de acordo com vários compêndios de magia, deve ter aproximadamente 50 cm de comprimento. é usada para invocar as salamandras (elementais do fogo) em determinados tipos de rituais, traçar círculos, desenhar símbolos mágicos, direcionar a energia e mexer bebidas no caldeirão. Varinhas de freixo são usadas em ritos de cura, as de sabugueiro para consagração e banimentos, as de acácia e aveleira para todos os tipos de magia "branca". As de carvalho servem para magia druídica e solar. Em magias lunares para invocar à Deusa, magia de desejo e ritos de cura usamos varetas de salgueiro e sorveira.

Caldeirão


O caldeirão é um pequeno pote escuro de ferro fundido que combina simbolicamente as influências dos quatro antigos e místicos elementos e que representa o ventre divino da Deusa Mãe, sendo utilizado pelos bruxos para vários propósitos como ferver poções, queimar incenso e guardar carvão, flores, ervas ou outros elementos mágicos. O caldeirão pode ser usado também como instrumento para divinação - muitos bruxos enchem seu caldeirão com água na noite de Samhain e os utilizam como espelho mágico para olhar o futuro ou o passado.

Cálice
O cálice (também conhecido como taça ou vaso sagrado) representa o elemento água e é usado no altar durante os rituais.

Espelho Mágico
Esta é uma antiga prática irlandesa muito utilizada pelos camponeses. Pegue um espelho e unte-o com uma mistura de sal e limão. Aguarde uma noite de Lua Crescente e "aprisione-a" no espelho (refletindo nele sua imagem). Seu espelho estará magnetizado, sempre que quiser peça para que a Luz, que agora mora dentro dele, ilumine seus caminhos.

Espada Cerimonial A espada cerimonial representa o elemento fogo e é o símbolo da força do bruxo. Em certas tradições wiccanas, a espada cerimonial é usada no lugar do punhal de cabo preto pela Alta Sacerdotisa do coven, para traçar ou apagar um círculo. A espada, como o punhal, pode também ser usada para controlar e banir espíritos elementais e para guardar e direcionar a energia durante os rituais.

Vassoura

A vassoura é símbolo do magistério feminino e das forças purificadoras da natureza. Até hoje é costume "limpar" as energias negativas de uma casa varrendo-as para fora com uma vassoura desenhada com símbolos mágicos (pentagrama, círculo, taça, espada).

domingo, 27 de setembro de 2009

Oração aos elementos .


Vem a mim, AR, na tua fresca e pureza
Consede ao meu raciocínio agudeza.
Aumenta a minah criatividade,
Torna positiva toda a minha actividade .

Vem a mim, ÁGUA, fluida e em liberdade.
Traz-me compaixão, amor e bondade.
Dá-me brandura e compreenção
E ajuda-me a enfrentar os problemas sem tensão .

Vem a mim, FOGO, tão quente e brilhante
Ilumina meu caminho pela vida, devorante.
Ajuda-me a viver e a amar com energia nova
E a defender a verdade quando me puserem a prova .

Vem a mim , TERRA, tão fértil e rica
Peço-te a sereninade e a minha alegria se multiplica
Empresta-me tua ética e a tua estabilidade
Para que eu poça ajudar os outros com vontade .

Akasham junta-te a estes quatro, eu te peço
Equilibra em mim os seus aspectos
Como no começo renova a minha vida, pois tu tens o poder
De me transformares no que eu devia ser .

Elementos de tudo que tem e de tudo que terá vida
Fiai vossos feitiços com a amormonia devida
Tecendo com os fios da minha vida o bem-estar
E unindo-a com uma costura de benção sem parar .

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Gerald Gardner

O renascimento da Wicca pode ser encontrado no início do século XX nos trabalhos da antropóloga inglesa Margareth Murray, suas pesquisas sobre “as origens e a história da feitiçaria” começaram com a idéia comum de que “todas as feiticeiras eram velhas sofrendo de alucinações por causa do diabo”. Mas Murray...logo desvendou o diabo e descobriu em seu lugar um Deus com chifres de um culto à fertilidade, um Deus pagão que na época da inquisição foi considerado herético, transformado em uma incorporação do diabo. Murray estava convencida depois dos seus estudos profundos sobre esses registros de que esse Deus possuía um equivalente feminino, tratava-se de uma divindade, a caçadora medieval das épocas clássicas que os gregos chamavam de Ártemis e os romanos de Diana. Murray então...concluiu que as feiticeiras condenadas tinham Diana como uma líder espiritual e por isso a reverenciavam.

Segundo Margaret Murray, os vestígios dessa fé poderiam ser rastreados no passado a até cerca de 25 mil anos, época em que viveu uma raça aborígine composta de anões, cuja existência permaneceu registrada pelos conquistadores que invadiram aquelas terras apenas nas lendas sobre elfos e fadas. De acordo com ela, seria uma “religião alegre”, repleta de festejos, danças e principalmente abandono sexual, o que mais tarde seria incompreensível para os sombrios inquisidores, cujo único propósito foi destruí-la até as mais tenras raízes.

A egiptóloga Margaret A. Murray, pesquisadora ativa até sua morte, aos 100 anos.Finalmente em 1921, Murray publicou o primeiro (O Culto à Feiticeira na Europa Ocidental) dos três livros com as suas conclusões favorecia certa legitimidade à religião Wicca. Imediatamente outros estudiosos no assunto atacaram os métodos e as conclusões de Margaret Murray, um dos críticos classificou seu livro como “um palavrório enfadonho”. Apesar dos trabalhos de Murray não terem tanto prestígio nos círculos acadêmicos, recentes estudos arqueológicos induziram alguns historiadores a fazer ao menos uma releitura mais criteriosa de algumas de suas teorias mais polêmicas; Margaret Murray conseguiu através de uma reavaliação favorável da feitiçaria, abrir uma porta para um fluxo de interesse pelo culto a Diana.

Em 1899, mais de duas décadas antes de Murray apresentar suas teorias, Charles Leland, escritor e folclorista americano havia publicado “Aradia”, obra que segundo ele, era o evangelho de “La Vecchia Religione” (A Velha Religião), uma expressão que desde então passou a fazer parte do saber “Wicca”. O livro relata a lenda de Diana, Rainha da Feiticeiras, cujo encontro com o deus-sol Lúcifer resultara numa filha chamada “Aradia”, esta seria “la prima strega” (a primeira bruxa), a que revelara os segredos da feitiçaria para a humanidade.

Considerada uma fonte duvidosa, Aradia contudo...terminou servindo de inspiração para inúmeros ritos praticados por feiticeiros contemporâneos. Duramente criticado e mesmo com raros defensores no círculo acadêmico, o livro Aradia com sua ênfase no culto à Deusa tornou-se muito popular nas assembléias feministas.

Outro trabalho mais recente com enfoque similar, porém de reputação mais sólida, é o livro de Robert Graves, publicado pela primeira vez em 1948, “A Deusa Branca” que revela a existência de um culto ancestral centrado na figura de uma matriarcal deusa lunar. De acordo com o autor, essa deusa seria a única salvação para civilização ocidental. Robert Graves expressou profundas reservas com relação à bruxaria, mas o autor chama à atenção a longevidade e a força da religião Wicca e também faz críticas ao que ele considera como uma ênfase em jogos e brincadeiras. Na verdade, o ideal para a feitiçaria, escreve Grave, seria que “surgisse um místico de grande força para revestir de seriedade essa prática, recuperando sua busca original de sabedoria”.

A referência de Graves era uma irônica alfinetada em Gerald Brosseau Gardner, um senhor inglês peculiar e carismático, que exerceria profunda, embora frívola, do ponto de vista de Robert Graves, influência no ressurgimento do interesse pela feitiçaria.

Gardner nasceu em Blundellands, nas proximidades de Liverpool, Inglaterra no dia 13 de Junho de 1884. O seu pai foi Juiz de Paz, pertencendo a uma família de comerciantes de madeira. A família de Gardner tem origem Escocesa, remontando as suas raízes a uma mulher chamada Grissel Gardner, foi queimada como feiticeira no ano de 1610 em Newburgh. O avô de Gardner casou com uma senhora que supostamente teria sido feiticeira e muitos dos seus antepassados teriam assumidamente capacidades psíquicas extraordinárias. Na sua família inclui-se também Alan Gardner, um comandante naval e mais tarde vice-almirante e membro da Câmara dos Lordes, o qual ganhou distinções como comandante do Channel Fleet que preveniu a invasão de Napoleão Bonaparte em 1807.

Gerald Gardner tivera diversas carreiras e ocupações: funcionário de alfândega, plantador de seringueiras, antropólogo e, finalmente, místico declarado. Era um nudista convicto, professava um perpétuo interesse pela “magia e assuntos do gênero”, campo que para ele incluía tudo: desde os pequenos seres das lendas inglesas até as vítimas da Inquisição e os cultos secretos da antiga Grécia, Egito e Roma. Pertenceu à famosa sociedade dos aprendizes de magos chamada Ordem Hermética da Aurora Dourada.

Gerald Gardner recolheu-se em Isle of ManGardner enfureceu os círculos acadêmicos quando anunciou que as teorias de Margaret Murray eram verdadeiras. A feitiçaria, declarou ele, havia sido uma religião e continuava a ser. Ele dizia saber disso simplesmente porque ele próprio era um bruxo. Em 1954, seu surpreendente depoimento veio à luz com o lançamento de “A Feitiçaria Moderna”, o livro mais importante para o renascimento da feitiçaria. Se a prática não havia desaparecido, como “A Feitiçaria Moderna” tentava provar, o próprio Gardner admitiu ao menos que a feitiçaria estava morrendo quando ele a encontrou pela primeira vez, em 1939.

Gardner gerou muita polêmica ao afirmar que, após a catastrófica perseguição medieval, a bruxaria tinha sobrevivido através dos séculos, secretamente, à medida que seu saber canônico e seus rituais eram transmitidos de uma geração para outra de feiticeiros. Segundo Gardner, sua atração pelo ocultismo havia feito com que se encontrasse com uma herdeira da antiga tradição, “a Velha Dorothy Clutterbuck”, que supostamente seria alta sacerdotisa de uma seita sobrevivente. Logo após esse encontro, Gardner foi iniciado na prática, embora mais tarde tenha afirmado, no trecho mais improvável de uma história inconsciente, que desconhecia as intenções da velha Dorothy até chegar ao meio da cerimônia iniciática, ouvir a palavra “Wicca” e perceber “que a bruxa que eu pensei que morrera queimada há centenas de anos ainda vivia”.

Considerando-se devidamente preparado para tal função, Gardner gradualmente assumiu o papel de porta-voz informal da prática. Assim, lançou uma nova luz nas atividades então secretas da bruxaria ao descrever em seu livro, por exemplo, a suposta atuação desses adeptos para impedir a invasão de Hitler na Inglaterra. De acordo com Gardner, os feiticeiros da Grã-Bretanha reuniram-se na costa inglesa em 1940 e juntos produziram “a marca das chamas” – uma intensa concentração de energia espiritual, também conhecida como “cone do poder”, para supostamente enviar uma mensagem mental ao Fuhrer: “Você não pode vir. Você não pode cruzar o mar”. Não se pode afirmar se o encantamento produziu ou não o efeito desejado mas, como Gardner salientou prontamente, a história realmente registra o fato de Hitler ter reconsiderado seu plano de invadir a Inglaterra na última hora, voltando-se abruptamente para a Rússia. Gardner declara também, que esse mesmo encantamento teria, aparentemente, causado o desmoronamento da Armada Espanhola em 1588, quando muitos feiticeiros conjuraram uma tempestade que tragou a maior frota marítima daquela época.

Quando não reescrevia a história, Gerald Gardner assumia a tarefa de fazer uma revisão da feitiçaria. Partindo de suas próprias pesquisas sobre magia ritual, ele criou uma “sopa” literária sobre feitiçaria feita com ingredientes que incluíam fragmentos de antigos rituais supostamente preservados por seus companheiros, adeptos da prática, além de elementos de ritos maçônicos e citações de seu colega Aleister Crowley, renomado ocultista que se declarava a Grande Besta da magia ritual. Gardner decidiu então acrescentar uma pitada de Aradia e da Deusa Branca e, para ficar no ponto, temperou seu trabalho incorporando-lhe um pouquinho de Ovídio e de Rudyard Kipling. O resultado final, escrito numa imitação de inglês elisabetano, engrossado ainda com pretensas 162 leis de feitiçaria, foi uma espécie de catecismo da Wicca, ressuscitado por Gardner. Assim que completou o trabalho, seu compilador tentou fazê-lo passar por um manual de uma bruxa do século XVI, ou um Livro das Sombras.

Esse volume transformou-se em evangelho e liturgia da tradição gardneriana da Wicca, como veio a ser chamada essa última encarnação da feitiçaria. Era uma “pacífica e feliz religião da natureza”, nas palavras de Margot Adler em “Atraindo a Lua”.

As bruxas reuniam-se em assembléias, conduzidas por sacerdotisas. Adoravam duas divindades, em especial, o Deus das florestas e de tudo que elas encerram, e a Grande Deusa tríplice da fertilidade e do renascimento. Nuas, as feiticeiras formavam um círculo e produziam energia com seus corpos através da dança, do canto e de técnicas de meditação. Concentravam-se basicamente na Deusa; celebravam os oito festivais pagãos da Europa, buscando entrar em sintonia com a natureza.

Como indaga o próprio Gardner em seu livro: Há algo errado ou pernicioso nisso tudo? Se praticassem esses ritos dentro de uma igreja, omitindo o nome da Deusa ou substituindo-o pelo de uma santa, será que alguém se oporia?

Talvez não, embora a nudez ritualística recomendada por Gardner causasse, e ainda cause, um certo espanto. Mas para Gardner as roupas simplesmente impedem a liberação da força psíquica que ele acreditava existir no corpo humano. Ao se desnudarem para adorar a Deusa, as feiticeiras não só se despiam de seus trajes habituais, como também de sua vida cotidiana. Além disso, sua nudez representaria um regresso simbólico a uma era anterior à perda da inocência.
A recomendação da nudez, acrescentada à defesa feita por Gardner do sexo ritualístico – O Grande Rito, como ele o chamava – virtualmente pedia críticas. Rapidamente o pai da tradição gardneriana ganharia reputação de “Velho Obsceno”.

Mas, sendo um nudista e ocultista vitalício, Gardner estava habituado aos olhares reprovadores da sociedade e em seu livro “A Feitiçaria Moderna”, parecia antever as críticas que posteriormente receberia.

Alguns críticos, após um exame minucioso dos trabalhos de Gerald Gardner, começaram a questionar a validade do suposto antigo “Livro das Sombras”, entre os seus críticos mais ferrenhos encontrava-se o historiador Elliot Rose, que em 1962 desacreditou a feitiçaria de Gardner, afirmando que era um sincretismo. Outro crítico, um destacado cronista britânico do ocultismo, acusou Gardner de fundar “um culto às bruxas elaborado e escrito em estilo romântico, um culto redigido de seu próprio punho”.

Aidan Kelly, outro crítico, o fundador da Nova Ordem Ortodoxa Reformada da Aurora Dourada, uma ramificação da prática da magia, declarou trivialmente que Gardner inventara a feitiçaria moderna e que ele, em sua tentativa desorientada de reformar a velha religião, formara outra, inteiramente nova. Kelly ainda assegurou que na tradição gardneriana não há base alguma que relacione a tradição com o antigo paganismo europeu.

Selena FoxAidan Kelly no entanto contrabalançou suas virulentas críticas a Gardner ao creditar-lhe não só uma criatividade genial, mas também a responsabilidade pela vitalidade da feitiçaria contemporânea.

J. Gordon Melton, um ministro metodista e fundador do Instituto para o Estudo da Religião Americana, comentou que todo o movimento neopagão deve seu surgimento, bem como seu ímpeto, a Gerald Gardner. “Tudo aquilo que chamamos hoje de movimento da feitiçaria moderna pode ser datado a partir de Gardner”, declarou Melton.

Dúvidas e polêmicas sobre suas fontes à parte, a influência de Gerald Gardner no moderno processo de renascimento da Wicca é indiscutível, assim como seu papel de pai espiritual dessa tradição específica de feitiçaria que hoje carrega seu nome. Embora os métodos de Gardner revelassem um certo toque de charlatania e seus motivos talvez parecessem um tanto confusos, sua mensagem era apropriada para sua época e foi recebida com entusiasmo dos dois lados do Atlântico. Quer ele tenha ou não redescoberto e resgatado um antigo caminho de sabedoria, aparentemente seus seguidores foram capazes de captar em seu trabalho uma fonte para uma prática espiritual que lhes traz satisfação.

Além do mais, na condição de alto sacerdote de seu grupo, Gardner foi pessoalmente responsável pela iniciação de dúzias de novos feiticeiros e pela criação de muitas novas assembléias de bruxos. Estas, por sua vez, geraram outros grupos, num processo que se tornou conhecido como “a colméia” e que, de fato, resultou numa espécie de sucessão apostólica cujas origens remontam ao grupo original criado por Gardner. Outras assembléias gardnerianas nasceram a partir de feiticeiras autodidatas, que formaram seus próprios grupos após ler as obras de Gardner, adotando sua filosofia.

Contudo, nem todas as feiticeiras estão vinculadas ao gardnerianismo. Muitas professam uma herança anterior a Gardner e desempenham seus rituais de acordo com diversos modelos colhidos das tradições Celta, Escandinava e Alemã. Além disso, alguns desses pretensos tradicionalistas declaram-se feiticeiros hereditários, nascidos em famílias de bruxos e destinados a transmitir seus segredos aos próprios filhos.



retirado do site: misteriosantigos.com

domingo, 6 de setembro de 2009

O QUE É A RELIGIÃO DA BRUXARIA?



A Bruxaria é uma religião de origem Xamãnica e forte tradição mágica,
mas é bom lembrar que Xamanismo e Magia são técnicas espirituais, isto é, para
ser Bruxa não é preciso fazer magia, ou ter poderes paranormais. Muito menos
ser vidente ou médium. O que diferencia a Bruxa do Mago ou Xamã é a sua devoção
pelos Deuses. Xamanismo e Magia são técnicas utilizadas pelas Bruxas, mas não
têm nada a ver com a parte devocional da Wicca. É possível ser bruxa fazendo-se
somente os rituais de devoção, sem nunca praticar um único feitiço na vida,
mas o contrário não é verdadeiro, pois, se não houver da sua parte um amor
sincero pela energia dos Deuses e harmonia com a Natureza, você pode fazer
feitiços dia e noite, mas nunca será uma Bruxa! Tradicionalmente, as Bruxas
podem (e devem) fazer feitiços recorrendo às energias da Natureza para
resolver os problemas práticos da sua vida, bem como para ajudar ao próximo, mas nunca devemos nos esquecer de que o mais importante é a comunhão com as
energias da Natureza, e o respeito por todos os seres vivos, e, em especial,
pelos nossos semelhantes.

sábado, 5 de setembro de 2009

ORAÇÃO DA BRUXA



A lei mais elevada
é agora o ensinamento.
Cuida bem dos seus actos,
palavras e pensamentos.
Muitos seres podem ouvir, e espíritos, saber
a maldade que você tanto procura esconder.
Então gire a roda do ano; deixe o tempo passar,
viva cheio de amor e não deixe o medo imperar.
Essa antiga sabedoria eu transmito e vou além:
" Faça o que quiser, mas não prejudique ninguém."

Tenha cautela igualmente com a segunda lei,
pois tudo o que vai volta, isso é o bem sei.
A roda continua girando, três vezes vai girar,
ninguém pode enganá-la ou dela algo ocultar.
Busque a harmonia, o equilíbrio e a auto-estima,
pois como é embaixo, é assim também em cima.
Deixe brilhar a sua luz interior e que todo mundo a veja,
se é isso o que você quer, então que assim seja!

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