sexta-feira, 2 de abril de 2010

As faces da Deusa ( parte I )


A Deusa, quem é Ela?! A idéia de uma Deusa costuma nos parecer estranha. Afinal, estamos acostumados a ver a Divindade como "Ele". Mas na Wicca as coisas não são bem assim. A Divindade é vista tanto como feminina como masculina, sendo que o aspecto feminino (a Deusa) é o aspecto primordial, que cria o aspecto masculino (o Deus Cornífero). Inconcebível a idéia de trabalharmos com estas duas forças separadas, afinal cada uma delas tem suas particularidades, o yin yang. Mas nossa idéia central aqui é falarmos sobre Ela, a deusa, que a todos concebeu e para onde todos iremos voltar.

Vemos a Deusa como sendo o aspecto primordial da divindade, pois é Ela a Criadora de Tudo, assim como uma mãe dá a luz aos seus filhos. Os filhos da Deusa somos todos nós e tudo o mais que existe no Cosmos. Até mesmo o próprio Deus Cornífero, Sua contraparte.

Do ventre da Deusa tudo nasceu e para ele todos retornarão para renascer, é o que se diz na Wicca. O ventre da Deusa é também simbolizado pelo caldeirão, um símbolo celta importante, entre outras coisas, ligado à transformação e a reencarnação.

A Deusa não apenas criou tudo o que existe, mas também É tudo o que existe. Ela não é apenas transcendente, mas imanente. O Universo é Seu corpo, Sua mente, Sua alma e Seu Espírito. Vemos a Deusa em todos os lugares e em lugar nenhum, dentro e fora de nós mesmos. Reside dentre de nós próprios uma centelha Dela (e também do Deus), o que nos faz divinos.

A Deusa costuma ser representada pela Lua. Este satélite da Terra costuma, desde tempos antigos, em diversas culturas, ser visto como feminino, regendo as emoções, os sentimentos, o inconsciente, as sombras, a intuição e tudo aquilo que não pode ser analisado e classificado friamente.

Toda mulher sabe muito bem o significado da Lua, pois seu organismo atua de acordo com ela, assim como as marés. As mulheres podem sentir sua força, sua influência tanto no seu físico quanto no emocional.

A lua muda de fase a cada sete dias. Isso mostra o caráter mutável da Deusa. Ela não é estática, ela sempre apresenta uma face nova, de tempos em tempos. Na lua crescente Ela é a Donzela, também chama de Virgem. Na lua cheia Ela é a Mãe, Criadora de Tudo. Na lua minguante é a Anciã, ou a Velha Sábia.

Como Donzela, Ela possui o seu aspecto virginal, significando não o fato de nunca ter se relacionado sexualmente com um homem, mas, sim, o fato de ser solteira, independente e livre, não se submetendo ao jugo de homem algum. A cada dia da lua crescente, a força da Donzela floresce, como cresce sempre a força da juventude. Ela é vista muitas vezes como sendo delicada, gentil, uma criança brincando, mostrando assim sua inocência.

Mas é também vista como uma Caçadora (Ártemis/Diana, por exemplo). Dessa forma, pode ser agressiva, pois desafia a tudo e a todos para garantir a sua liberdade. A Donzela vê o Infinito à sua frente e não deseja que ele seja restringido.

Na primeira noite de lua cheia, a Deusa passa de Donzela para Mãe. É o Seu momento de maior poder, em que Ela é a Criadora de Tudo. Este aspecto luminoso representa o parto. Muitas vezes, a Mãe é vista como uma mulher grávida, ou uma mãe zelosa (Deméter/Ceres).

A Mãe dá Amor a todos os seus filhos, o que inclui não apenas os seres humanos, como também toda a Natureza. A Mãe também dá a luz ao Deus Cornífero, Seu filho, a Criança Prometida, que mais tarde se apaixonará por Ela, quando esta for novamente a Donzela, e Ele se converterá em Seu Consorte.

A Mãe representa a abundância e, por isso, é a Rainha da Colheita. A Deusa é a própria Natureza, da qual fazem parte todos os seres que aqui habitam, de todos os reinos, sejam eles animais, vegetais ou minerais.

Como tudo o que chega ao seu ápice começa a declinar, depois da lua cheia vem a lua minguante, em que a Deusa se torna a Anciã. Neste momento, a Deusa não é mais capaz de engravidar. Ela retém o seu sangue menstrual, o que lhe conserva poder. Se por um lado a Deusa perdeu o viço da juventude, por outro ganhou experiência, sabedoria e conhecimento. Ela é vista como a Conselheira. Já passou pela etapa de concepção, sabe o que significa gerar a vida, o que lhe torna sábia.

A Anciã está relacionada à morte. Ela é a Ceifeira, aquela que restringe aquele Infinito que a Donzela preza tanto. Afinal, tudo o que nasce morre para que possa ser transformado. Porém, a Anciã também é vista como a Curandeira, que entende das ervas que curam os males de um doente, sejam eles de qualquer espécie. Além disso, a Anciã é uma Parteira, o que mostra que a Morte está relacionada à Vida e vice-versa. O Caldeirão da Transformação é propriedade da Anciã (como mostrado na deusa celta Ceridwen). 

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